🌰✨ Cachaça com Cumaru: a baunilha brasileira que perfuma o copo com elegância selvagem
- Felipe Sabor
- 16 de out.
- 2 min de leitura
Existe um cheiro no Brasil que não se encontra em lugar nenhum do mundo. É quente, levemente adocicado, com notas de baunilha, amêndoa tostada, fava tonka, noz-moscada e um sussurro amargo que lembra o fundo de um charuto cubano.
Esse cheiro tem nome: cumaru. E quando encontra uma cachaça artesanal de qualidade, o resultado é puro luxo sensorial com sotaque amazônico.
Se o mundo já consagrou o uso da baunilha de Madagascar e da fava tonka europeia em perfumes e coquetéis, o Brasil — dono do cumaru desde sempre — começa a redescobrir essa joia aromática em estado líquido.

O que é o cumaru, afinal?
O cumaru (Dipteryx odorata) é a semente de uma árvore nativa da Amazônia. Por muito tempo, foi ignorado ou subestimado como simples "baunilha do mato" — mas bastam alguns minutos com uma fava seca entre os dedos para entender que o aroma do cumaru não é imitação de nada.
Ele é denso, misterioso, provocante. E quando infundido em cachaça, entrega um perfil olfativo que poderia estar numa coleção ou no menu de um bar 3 estrelas Michelin.
O sabor: quando o aroma encontra o corpo
Na boca, a cachaça com cumaru revela seu espetáculo:
Nariz: notas intensas de baunilha selvagem, castanha assada, mel amargo, flores secas.
Paladar: entrada suave, corpo redondo, textura levemente untuosa.
Final: persistente, com ecos de madeira tostada e chocolate 80%.
Sensação: quente, elegante, levemente afrodisíaca — como um abraço de veludo em noite de verão.
🧪 Cachaça com Cumaru (versão premium)
Ingredientes:
700 ml de cachaça branca artesanal (alambique, neutra, sem açúcar)
1 fava de cumaru inteira, levemente ralada (± 2 g)
1 colher de chá de açúcar demerara (opcional)
1 pote de vidro escuro com tampa hermética
Modo de preparo:
Rale metade da fava de cumaru e deixe o restante em pedaço.
Adicione à cachaça em um pote escuro e mexa bem.
Deixe infundir por 3 a 5 dias em local fresco e escuro. Prove diariamente.⚠️ O cumaru é potente — tempo demais pode dominar.
Quando atingir o ponto ideal, coe e engarrafe.
Opcional: adicione uma gota de açúcar para arredondar (sem adocicar).
Sirva em taça pequena, entre 10°C e 12°C.
Harmonizações que merecem taça
Chocolate amargo com flor de sal
Tartelete de castanha-do-pará
Queijos de casca lavada (como Epoisses ou Taleggio)
Torta de noz-pecã
Ou simplesmente: silêncio e um bom sofá com luz baixa.
🍸 “Flor do Norte” — um drink elegante e misterioso
Ingredientes:
40 ml de cachaça com cumaru
15 ml de vermute seco
10 ml de licor de laranja
2 dashes de bitter de cacau
Twist de laranja-baía
Gelo
Modo de preparo: Misture todos os ingredientes no mixing glass com gelo. Coe para uma taça coupé gelada. Finalize com o twist de laranja. Sirva como digestivo ou aperitivo para impressionar até um maître francês.
O futuro do luxo é nativo
O cumaru é um símbolo. Do Brasil profundo, da floresta, do tempo, do aroma que antecede o sabor. E, quando tratado com respeito e técnica, ele transforma uma simples cachaça num perfume potável de identidade nacional.
Você pode chamá-lo de baunilha brasileira. Mas talvez seja mais justo dizer: a baunilha é que queria ser cumaru. Um Brinde a Você Que Faz Diferente!






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