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A Revolta da Cachaça: o dia em que o Brasil (quase) virou um barril de pólvora

Em pleno século XVII, muito antes do Brasil ser o país do futebol e da feijoada, ele já era, com orgulho, o país da cachaça. Mas em 1660, essa paixão nacional quase terminou em sangue.


E o motivo? Impostos.(Porque se tem algo mais tradicional que cachaça no Brasil, é o governo tentando cobrar imposto por ela.)

pintura de uma rebelião

🌾 Primeiro, uma rápida dose de contexto

A cachaça — também chamada de aguardente ou “pinga” — já era produzida desde os tempos da colônia, fruto da engenhosidade dos senhores de engenho e da força bruta dos escravizados.


Enquanto os portugueses preferiam vinhos e brandies importados da Europa, os brasileiros começaram a desenvolver uma quedinha pelo destilado feito da cana-de-açúcar. Era mais forte, mais barato e... bem, mais brasileiro.


Mas Portugal não gostava disso. Não por motivos etílicos, claro, mas porque a cachaça ameaçava os lucros da bagaceira portuguesa. E lucro, como a gente sabe, é assunto sério.


💣 A pólvora se arma: chega o imposto

No final de 1660, a Coroa portuguesa decidiu taxar a produção de cachaça no Brasil, alegando a velha desculpa: “regular o comércio”. Na prática? Queria grana.


Só que essa medida não caiu nada bem no Rio de Janeiro, principal centro produtor na época. A população, formada por pequenos produtores, comerciantes, trabalhadores e até senhores de engenho, enlouqueceu. E como todo brasileiro revoltado...decidiu protestar.


🪓 E se protestar não resolver… depõe o governador

A treta ficou tão séria que em novembro de 1660, um grupo de revoltosos marchou até o palácio do governador Salvador Correia de Sá e Benevides.


Não foi uma simples manifestação. Foi um motim com gosto de alambique. O povo invadiu prédios, enfrentou soldados e, pasme:

Derrubaram o governador e instauraram um governo provisório.

Sim, o Brasil do século XVII teve um "golpe da cachaça".


🩸 Mas como toda boa cachaça… a ressaca veio

É claro que Portugal não ia deixar barato. Em abril de 1661, tropas leais à Coroa reprimiram o levante. Os líderes foram presos, alguns executados, outros exilados.

O governador voltou, com sede de vingança (e talvez de vinho europeu).


Mas o estrago já estava feito: o povo havia mostrado que não aceitaria calado quando mexessem com sua bebida. E Portugal entendeu o recado.


🧠 E o que isso nos ensina?

A Revolta da Cachaça foi o primeiro grande levante popular do Brasil com motivações econômicas e culturais ao mesmo tempo. Mais do que defender o bolso, os brasileiros defendiam algo maior:

Uma identidade que estava fermentando no fundo dos barris.

Décadas depois, Portugal aceitaria a legalização da cachaça como produto colonial — e o Brasil continuaria a aprimorar a bebida até ela ganhar o mundo.


📌 Curiosidades para contar no boteco:

  • A cachaça chegou a ser proibida em 1635 por um alvará real.

  • Em alguns lugares do Brasil colonial, escravizados recebiam cachaça como "incentivo" ao trabalho.

  • Hoje, existem mais de 40 tipos de madeiras brasileiras usadas para envelhecer cachaça — nenhuma delas aceita imposto sem chiar.


🍹 Brinde à rebeldia

Na próxima vez que você levantar um copo de cachaça, lembre-se: essa bebida já derrubou governador, mobilizou multidões e ajudou a construir a identidade brasileira. Não é só pinga. É resistência líquida. Um Brinde a Você Que Faz Diferente!

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